top of page
  • Writer's pictureVanessa Leite

Doutorado: fazer ou não fazer?

Sai do Maranhao em 2010 decidida a fazer meu mestrado e meu doutorado. Terminei o mestrado em 2012 mas não entrei de cara no doutorado. Fiquei de "ir fazendo uma pesquisa e quando tiver alguma coisa pronta, aplicar", mas não aconteceu. A vontade de fazer o doutorado ainda existia, entretanto, todas as coisas do dia-a-dia faziam a "pesquisa" ir ficando de lado. Certa vez eu ouvi: "se você precisa estar num doutorado para fazer um doutorado, você não devia fazer um doutorado". É, pode até ser verdade, mas sabe como é: cada um tem que viver as próprias experiências, não é mesmo?


Estava decidida que eu ia começar um doutorado mas resolvi que não seria no Brasil. Queria uma experiência nova, única. E comecei a minha busca. Procurar oportunidades para aplicar não foi das tarefas mais fáceis, mas, gente, escrever uma carta de apresentação e o currículo, como foi cansativo! Descrever quem é você e o porque você quer fazer um doutorado. Por que você quer fazer aquele doutorado. O que faz você se destacar perante os outros? Eu nunca me achei inteligente (apesar da família insistir que sim, beijo mãe!), me acho mais esforçada que inteligente, então dizer por que me escolher entre outras pessoas (possivelmente mais inteligentes) foi algo que me tomou um tempo para colocar em palavras. Com carta, curriculo e todos os demais documentos em mão, comecei a procurar as vagas: fora do Brasil, em boas instituições e que oferecessem bolsa (por que, né?). Nesse periodo, em conversas com amigos que estavam no doutorado, a dica era unânime: não faça doutorado. Todos se reclamavam das mesmas coisas: uma vida sofrida, muita coisa não funciona, muito stress, noites em claro. Eu via tudo aquilo mas pensava com meus botões: eu sei que não vai ser fácil, mas não deve ser pra tanto, e assim, minha busca continuava. Foram varios emails trocados com professores diversos, vários emails para os quais nunca tive resposta. Algumas entrevistas via skype e, uns quatro meses depois o tal do email: estamos lhe oferecendo uma vaga de doutorado!


Meus amigos (incluindo os doutorandos e doutorados) me parabenizaram! Seria uma mudança de vida. Depois do doutorado eu não seria a mesma pessoa. O exercício de humildade seria diário.

Hoje, estou ha quatro meses no doutorado e, de fato, a vida é sofrida, as coisas mais não funcionam que funcionam, é muito estressante, é um trabalho/estudo sem fim. Não há dia e noite, sábado, domingo ou feriado. Toda hora é hora, todo dia é dia, um trabalho interminável. Há dias piores que outros. Há dias em que choro como se não houvesse amanhã, e tenho um amigo que diz: "se em vez de chorar você trabalhasse, teria muito mais resultado", haha. É super sensato e faz todo sentido. Mas ainda não evolui a ponto de não chorar... mas agora, tento chorar só por cinco minutinhos.

Todos os conselhos que recebi estavam certos, e não dá pra ter a exata dimensão do quão difícil vai ser só com alguém lhe falando. É algo que você tem que sentir na pele pra entender.


Então, pra quem quer entrar nessa vida e tá se perguntando: "começar ou não começar?", o que tenho pra dizer, por enquanto, é: eu acredito que todos os contratempos vão fazer de mim uma pessoa melhor do que era antes. Vão me tirar da zona de conforto e me fazer ir além. E, quiçá, conseguir fazer a diferença na vida de outros. E essas crenças me fazem continuar dia após dia. Portanto, a decisão de começar tem que ser sua, e felizmente (ou infelizmente) as experiências dos outros podem te ajudar mas não devem ser primordiais. É muito importante que nos momentos difíceis você possa dizer pra você mesmo: fui eu quem escolhi. Acredito que, se não for por nossas próprias vontades, não há forças suficientes para não desistir.

11 views0 comments

Recent Posts

See All

É o fim de uma era. E eu não posso deixar de agradecer às pessoas que seguraram minhas mãos, enxugaram minhas lágrimas, trouxeram sorrisos ao meu rosto e me deram força e serviram de inspiração. Esses

Post: Blog2_Post
bottom of page